Depois de trilharmos pela Praça de Maio e pela Casa Rosada e ficarmos impossibilitado de tirarmos fotos, concluímos que a viagem não poderia continuar a partir daquele ponto se nós não comprássemos uma câmera digital. Eram oito para oito e meia da noite quando saímos da Praça de Maio, bastava que comprássemos a câmera, jantássemos e voltássemos para o albergue para encerrarmos o nosso primeiro dia de viagem. Mas várias situações aconteceram nesse meio tempo e merecem ser relatadas
Começando pelo incidente do metrô...
Visando a compra da câmera digital, resolvemos que partiríamos da Praça para o
Shoping Alto Palermo (famoso
shopping center de Buenos Aires) por meio de metrô - visto que, as várias estações na Praça de Maio praticamente convidam o turista para o uso deste meio de transporte. Abrimos nosso mapinha "metroviário" de Buenos Aires (que nos fora fornecido pelo próprio albergue) para vermos como chegaríamos à estação Palermo, não obstante pedi informação a um guarda que - com um difícil espanhol - só consegui entender que deveríamos entrar numa estação do outro lado da Praça.
Acreditando que a informação fornecida pelo guarda foi corretamente compreendida pela gente, nos dirigimos ao fim da praça, descemos para a estação subterrânea - onde conhecemos um gaúcho - e dentro de alguns minutos estávamos viajando no metrô: íamos felizes, e enquanto isso meu pai extrovertidamente tentava improvisar um portunhol para papear com argentinos presentes no interior do trem. Ia tudo tranquilo se não fosse por um pequeno "porém", depois de um tempo sentir uma sensação estranha por uma falta de algo, cutuquei meu pai e fiz a observação: "-Pai, nós não pagamos!" "O quê? Como assim?"
"Que raios de metrô é esse em que entramos sem pagar???" - pensei. A situação estava muito estranha, tentamos conversar sobre o assunto com os argentinos que viajavam no mesmo vagão que a gente. Depois de escutarem nosso dilema - e possivelmente terem nos entendidos - eles perguntavam muito se nós não passamos por um tal "molinete" (?), só depois fomos descobrir que eles se referiam ao que em bom português nós chamamos de "catraca".
Realmente, nós não havíamos passado em nenhuma catraca, já que nós não descemos para a estação por uma escada (como na foto acima) e sim por um elevador. - aí estava a solução (ou melhor, a causa) do problema. Até hoje não entendi o motivo do elevador por onde passamos dar esse estranho acesso "gratuito"(?) ao metrô. Será se este era reservado a deficientes físicos e idosos que não pagam pra viajar? Não sei, só sei que apesar de ficarmos grato com a "entrada franca", nós não repetimos a presepada no dia seguinte. Já que queríamos apenas uma corrida no metrô e não uma corrida para o Brasil na condição de brasileiros deportados heheh
Saímos do Metrô e logo em seguida pudemos notar um outro equívoco: percebemos que apesar de termos descido na estação "Palermo" não estávamos próximo ao
shopping "Palermo" como pretendíamos. O que não sabíamos era que estação Palermo referia-se ao "bairro" Palermo (muito grande em sua extensão) e não ao
shopping Palermo, local onde pretendíamos ir. Andamos bastante e várias vezes no desiludimos com informações erradas (ou mal-compreendidas!) até descobrirmos que o
shopping estava na verdade a alguns quilômetros das esquinas em que tentávamos procurá-lo. Depois que ficamos sabendo do nosso equívoco, paramos na Lan House mais perto para descansarmos um pouco e sobretudo darmos sinal de vida para nossos amigos e parentes que estavam no Brasil.
Foto tirada no interior do shopping Alto PalermoDepois de aproveitarmos a Lan House, resolvemos que iríamos ao Shopping Alto Palermo de uma forma mais direta e -pelo menos dessa vez- livre de erros: pegaríamos um
táxi! (opção bem cara no Brasil, porém na Argentina é uma opção incrivelmente mais barata!).
Uma coisa interessante que notamos na nossa corrida de Táxi no bairro Palermo foi uma "franquia" da Igreja Universal, mostrando que essa é um igreja realmente flexível: aceita reais, pesos, dólares... e do jeito que as coisas vão indo, se brincar daqui a pouco ela tá mais universal que o próprio McDonald heheh. No dia seguinte inclusive tentamos retornar ao mesmo lugar para bater foto da "filial" argentina da Igreja Univer$$al, mas como não obtivemos sucesso, vou postar aqui uma foto retirada do Google argentino:
Quando chegamos ao Shopping, outro equívoco... Era mais ou menos dez e vinte da noite quando chegamos ao Alto Palermo, o movimento era pouco, mas as luzes do Shopping e das lojas estavam todas ligadas. Aproximanos-nos de uma garota que sentada tomava seu sorvete para pedirmos uma informação dela de onde poderíamos achar um loja que vendesse câmera digital... "eita, informação difícil de compreender, hein?"... a gente esperava da garota uma resposta de onde ficava a bendita loja, mas o que a garota tentava explicar era que já estava tudo fechado, porém como todas as luzes estavam ligadas normalmente e ainda tinha um certo movimento pelo shopping a gente teve dificuldade para compreender isso. E a garota em vez de falar mais devagar, repetia a mesma coisa várias vezes, demorou um tempo para decifrarmos um "
tudo cerrado" no meio das frases que ela repetia e enterdemos que ela não estava tentando explicar a localização de uma loja heheh
Depois de mais um equívoco naquela noite - pela viagem perdida por causa do Shopping que já se encontrava fechado (o taxista deveria ter nos avisado rsrs) - decidimos que já podíamos encerrar o dia para acordarmos disposto na manhã seguinte. Enquanto pedíamos informações na saída do shopping, observamos uma coisa que nos impressionou muito em nossa viagem pela Argentina: a quantidade de pessoas que dominavam o inglês no país do tango! Era uma coisa impressionante, quando pedíamos informação em português ou quando demostrávamos não dominar muito o espanhol, era muito comum os argentinos nos desafiarem no inglês. Durante nossa viagem isso ocorreu várias vezes, seja com jovens causuais no shopping (nesse dia), atendentes de loja de roupa (no dia seguinte), populares na rua enquanto pegávamos ônibus e até mesmo (pasmem!) um feirante tentou arranhar um inglês comigo para explicar onde ficava uma determinada rua. Enquanto no nosso país é difícil encontrarmos até mesmo jovens universitários que dominem bem o inglês, como brasileiro fiquei impressionado com este fato na Argentina.
Pegamos o ônibus para a casa e mais uma vez algo deu errado: não sei se foi por informação mal compreendida ou se novamente nos equivocamos, mas ficamos bem longe do nosso albergue quando descemos do nosso coletivo. Ficamos próximo a um posto e aproveitamos para pedir informação sobre como poderíamos ligar para o Brasil, o frentista nos apontou um orelhão e explicou que na Argentina o telefone público só funcionava com moedas... "Que dificuldade que tivemos para operar esse orelhão, hein?" A gente colocava a moeda mas ela quase sempre retornava caindo na parte de baixo e nós nunca conseguíamos ligar, tivemos que pedir ajuda para um segurança que nos orientou até conseguirmos efetuar a ligação, só sei que o saldo final desta brincadeira foi um prejuízo de "dois pesos", que não sei como - nem porque - a máquina engoliu sem nos conceder ligação alguma rsrs.
Depois de eu e meu pai falarmos com minha mãe que ficara no Brasil, aproveitamos o restaurante que estava em frente ao telefone público para comermos. Jantamos no Restaurante Undici, que fica no encontro da avenida Monte Oca com a Martim Garcia, a mais ou menos meio quilômetro do albergue. Durante nossa viagem, chegamos a jantar mais de uma vez nesse restaurante e nele aconteceu algumas situações engraçadas, quando este restaurante for novamente citado, eu contarei um pouco sobre algumas dessas situações. Após a janta, abrimos nosso mapa e vimos que era só descer pela Martim Garcia que chegávamos ao nosso albergue. Descemos a avenida e chegamos a pé no Hostal de La Boca. Por volta da meia-noite já estávamos dormindo - e nos preparando para mais um
aprazível dia de viagem...