terça-feira, 28 de abril de 2009

El barrio La Boca


O BAIRRO "LA BOCA":




Como prometido, neste post falarei sobre o bairro que nos hospedou durante nossa estada em Buenos Aires: o bairro "La Boca" (enquanto que, no próximo post comentarei sobre o lugar do bairro onde ficamos hospedados: "El Hostal de la Boca")

Quando chegamos em "La Boca" vimos um bairro comum como qualquer outro. Mas nós não sabíamos dos curiosos locais e a interessante história que ele nos escondia por trás do seu cotidiano aparentemente tão normal.

Entre edifícios quaisquer e avenidas movimentadas, algo tão comum em qualquer cidade grande, pudemos notar algo de diferente: uma pequena parte da avenida na entrada do bairro com construções artísticas e pintadas com cores chamativas - fazendo um interessante contraste com o ambiente urbano de cor cinzenta. Abaixo uma foto deste "pedaço de avenida":




Nada demais, diria um turista desavisado (ao ver o "pedaço de avenida" da foto acima). Realmente, é verdade, nada demais... inclusive foi o que nós pensávamos toda vez quando passávamos pelo local: algo comum, nada aparotoso, que nem nos chamou muita atenção quando vimos em um primeiro momento.

Porém, o que nós descobrirmos somente depois de um bom tempo, era que aquele "pedaço de avenida" não estava ali por acaso, tinha um importante significado dentro da curiosa história do bairro "La Boca". O pedaço de avenida em si, era apenas uma pequena réplica de algo maior: o "Caminito" (uma interessante atração turística do bairro argentino).



O que é o Caminito? O Caminito é uma famosa atração de Buenos Aires que fica no bairro La Boca (a alguns minutos do local onde nos estávamos hospedados), e é considerado um dos maiores museus do mundo a céu aberto. O Caminito na verdade é uma rua do bairro La Boca, mais especificamente uma rua-museu, sua principal características é que a rua inteira (incluindo todas as suas casas e construções) é toda colorida - pintada de forma criteriosamente artística, com as mais chamativas cores. Caminhando por esta rua artística, o que se ver é uma arte onipresente, um colorido que preenche todo o campo de visão e encanta a pessoa que caminha pelo local.

Porque descrever tanto o Caminito? Além de sua relevância como cartão postal para Argentina, essa famosa atração turística tem sua óbvia importância no contexto do post porque aqueles murais coloridos - do "pedaço da avenida" que citei acima - fazia referência ao Caminito (mais colorido ainda). E o Caminito por sua vez, faz referência direta a história do Bairro La Boca, tema central que estou tratando agora. Voltando a falar desta curiosa história do Bairro La Boca, com tanto colorido pelo meio fazendo referência a esta, é de se imaginar que o passado deste bairro foi o melhor possível, né? As aparências enganam...

O passado do Bairro La Boca, muito pelo contrário, é meio sombrio. A região que hoje compreende este bairro sempre foi uma das partes mais degradadas e pobres de Buenos Aires. A sua única importância dava-se em função da boa localização perante o imponente Rio da Prata, que fez com o bairro tivesse um dos mais importantes portos da cidade. E a economia dependendo do porto, cominou com que a região fosse tipicamente de marinheiros - pobres em sua maioria.

Porém, atualmente, em contraste com seu passado, La Boca é um bairro com infraestrutura e urbanizado como qualquer outro bairro de classe média, e com o seu diferencial: o badalado Caminito - o centro colorido de artes que orgulha os argentinos. Fica a dúvida portanto: qual seria a estranha conexão entre o passado de marinheiros miseráveis do Bairro La Boca e a atual atração turística de cores vibrantes (o Caminito)?

Aí que entra a parte interessante da história: pode não parecer, mas ambos estão diretamente relacionados. Paradoxalmente o badalado colorido (hoje representado principalmente no Caminito) tem origem na miséria reinante do passado! Está relacionado às sobras de tintas que os marinheiros pobres do bairro La Boca traziam do porto para sua casa. Como a quantidade era escassa para pintar toda a casa de uma mesma cor, eles aproveitavam até a última gota da tinta de cada lata que com muito esforço conseguiam. As casas, portanto, acabavam sendo pintadas de várias cores, cada janela de uma cor diferente, a porta de outra cor e a parede de várias cores.

Com as casas dos marinheiros construídas a partir de tábuas de madeiras, placas e telhas de metal, e até mesmo (pasmem!) pedaços de navios, o bairro La Boca cresceu ao redor do porto, e na época era marcado por sua característica inconfundível: aquele cenário marcado pelas casas pitorescas pintadas com muitas cores... casas multi-coloridas! Porém com o tempo, aquele porto foi perdendo importância, o bairro diversificou suas atividades, cresceu para outras áreas e urbanizou-se. Já aquela antiga zona portuária do bairro - onde existiam as famosas casas multi-coloridas, símbolos do penoso passado - a cada dia tornou-se mais decadente e acabou por se tornar uma imensa favela!

No entanto, apesar de ter virado uma favela e ter perdido sua importância de antigamente, a zona portuária do bairro La Boca voltou a ser relembrada mais tarde: quando artistas plásticos tiveram a brilhante idéia de restaurar em forma de arte o sofrido passado do La Boca. E esse renomado "colorido" dos miseráveis marinheiros de outrora, passou a ser pintado em quadros, paisagens e artes no geral. Chegou a tal ponto, que as cores vivas passaram a serem adotadas como parte da própria personalidade do bairro La Boca: em referência àquelas casas multicoloridas, edificações de hoje são pintadas com cores diversas e há representações destas cores vivas espalhadas por todo bairro, como no exemplo do "pedaço de avenida" que eu mostrei acima. O próprio local onde nos hospedamos - El Hostal de la Boca (o qual dissertarei no próximo post) - foi pintado em referência as estas cores vibrantes que se tornou uma personalidade controvertida do bairro.

O auge desta arte está exposta no Caminito. Visando representar de forma mais fiel esse pitoresco passado colorido do La Boca, artistas optaram por uma rua da própria antiga zona portuária (e atual favela!) para restaurar as suas cores: escolheram a (até então inexpressiva) "Rua Caminito" - onde ficava um singelo ramal ferroviário, cheio de terra e pedra - para ser revitalizado e transformado em um ponto turístico: a referida rua foi toda colorida, os singelos casebres e barracos locais foram artisticamente pintados e enfeitados. Além disso, a inclusão de bares, artesanatos, lojas e restaurantes tradicionais tornaram aquela singela rua em uma atração de apelo mundial. Hoje o local recebe turistas do mundo inteiro, que ficam encantados com o lugar de cores vivas que "transpira arte" para todos os cantos.


Foto de eu e meu pai na entrada do Caminito

Mais cabe aqui um pequeno detalhe dessa empreitada: hoje temos uma das mais importantes atrações turísticas de Buenos Aires no meio da ex-zona portuária, ou seja, NO MEIO DE UMA FAVELA! Esse fato torna o Caminito um local que necessita o tempo todo ser fortemente policiado, e que não permite o vistitante se afastar muito da parte turística (onde concentra-se o policiamento) por correr o risco de ter até os rins roubados. Chega-se lá de ônibus e sai-se de ônibus. Quando eu e meu pai fomos ao local - além de contemplarmos o Caminito - pudemos notar tanto a atual decadência desta antiga região do La Boca (claramente visível na favela que envolve e se contrasta com toda a atração turística) quanto os resquícios do passado: na volta do Caminito em direção à parada de ônibus, nós fizemos um pequeno descaminho se aproximando do rio para observar àquela que foi em tempos antigos uma importante zona portuária; o que sobrou dela foi um rio fedorento e poluído, barcos abandonados e uma ponte em desuso.

Para não fugir a cronologia do blog, não vou entrar em mais detalhes sobre nossa visita ao Caminito, já que nós fomos lá em nossos último dias de viagem e o tema do post atual é o La Boca, bairro que nos recebeu quando chegamos em Buenos Aires (somente mais para frente, quando for feito um post especificamente sobre o Caminito, será postadas mais detalhes sobre ele e as várias fotos que foram tiradas neste admirável lugar)

Toda a descrição sobre o Caminito, sobre as cores vibrante e não deixando de incluir também as referências ao murais coloridos (do "pedaço de avenida" da foto lá em cima) fazem alusão à personalidade controvertida do Bairro La Boca. O que não deixa de ser também uma sátira da sua própria história - marcada pelos seus antigos marinheiros com casas multi-coloridas. Interessante observar, como até mesmo um inocente bairro (e não somente algo mais significativo como uma cidade ou um país) pode ter uma história, uma personalidade. Se me perguntassem, por exemplo, sobre a história de meu bairro, eu não saberia o que responder. Já o La Boca além de história, possui inclusive uma personalidade própria. Algo realmente notável e motivo de orgulho para os argentinos que nele residem! E merecedor de um enorme post como este que foi dedicado exclusivamente a ele! (além da homenagem ao bairro que está presente no próprio nome do blog!)



Algumas fotos tiradas no "La Boca" para encerrar o post:


Rio "morto" da ex-zona portuária: importante fonte econômica do La Boca no passado. Hoje apenas uma fonte de mal-cheiro que incomoda os turistas a caminho do Caminito!



Antiga fábrica do Bairro La Boca



Essa aqui foi uma cena vergonhosa que presenciamos no La Boca: motoqueiro sem capacete! - cena que no Brasil só vejo no interior do Maranhão por exemplo, na Argentina a gente viu isso em plena capital federal!



Outra importante atração do bairro La Boca é o famoso estádio La Bombonera. Estádio do Boca Juniors, time com maior quantidade de torcedores da Argentina (além de tudo, foi no La Boca que brotou o maior time de futebol da Argentina!). O estádio La Bombonera está sempre aberto para visitações e vem gente do mundo inteiro, mas como eu nem curto muito futebol, nós nem perdemos nosso tempo indo lá xD

terça-feira, 21 de abril de 2009

En La Boca de la Argentina: A origem do nome!

Visto que finalmente chegamos em nosso "novo lar" em Buenos Aires, já é coerente revelar a origem do simpático nome do Blog.



Por mais que o nome do blog possa dar asas a imaginação, o motivo para este não tem nada a ver com as possibilidades que podem ser imaginadas em um primeiro momento.

"La Boca" é um bairro de Buenos Aires, com diversos atrativos (e não atrativos também rsrsr) e uma rica história. O motivo para ele ter emprestado seu nome para o Blog, além das características já citadas, está o fato dele ter sido a local onde ficamos a maior parte dos nossos nove dias de viagem - por um motivo óbvio, neste bairro se encontra o estabelecimento onde nos hospedamos: "El Hostal de la Boca".

Seja o bairro "La Boca" ou o "Hostal de la Boca" (nosso novo lar), ambos marcaram muito nosso cotidiano na Argentina e foram decisivos para a escolha do nome do Blog. (já a boca mesmo propiamente dita, infelizmente não entrou na história nem ao menos como o nome de origem do bairro rsrs, já que este surgiu por causa da grande "boca" de um humilde rio local que deságua no célebre Rio Prata).

Os próximos posts do blog se encarregarão de relatar detalhes sobre esses curiosos e marcantes locais =)

domingo, 12 de abril de 2009

Taxi argentino

Para ilustrar o último post - do qual foi citado a padronização de taxi na Argentina - aqui vai uma foto que eu tirei da sacada do Shopping Alto Palermo, em Buenos Aires :
-Os taxis argentinos lembram mais carro de polícia, não? =)



abraços

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Finalmente em Buenos Aires!!!

Desci do avião e finalmente toquei no chão argentino, era a primeira vez em minha existência que pisava em solo não brasileiro - e que pude ter o prazer de respirar o ar de Buenos Aires (finalmente!) - seria um momento mágico se não fosse um pequeno porém: a maldita fila da imigração! Como tinha demorado a descer da aeronave e pegado o final da fila, eu e meu pai tivemos que aguardar bastante no recinto, porém a espera foi suavizada por passarmos parte do tempo conversando com duas brasileiras que conhecemos no local. Após a delonga, finalmente chegamos no agente de imigração e passar por ele foi necessário apenas a identidade (como já dito a Argentina não exige o passaporte) e uma ficha pessoal que deveria ser previamente preenchida quando entregue no avião, mas como eu estava dormindo no momento da entrega, eu não havia recebido e tive que preencher na hora rsrsr (e atrasar mais a fila heheh).


Foto do Aeroporto Internacional de Ezeiza - Buenos Aires

Uma vez no aeroporto de Buenos Aires, já tínhamos uma idéia do albergue onde íamos ficar, mas ainda não sabíamos como ir, porém quanto a isso não restava outra opção: "taxi". Alternativa quase sempre meio cara, além do risco, já que taxista que faz viagem para gringo é igual a político, achar um que seja honesto é mais raro que encontrar gaúcho macho. Para dá uma suavizada no preço, o meu pai se encarregou de procurar pelo aeroporto as brasileiras que nós havíamos conhecidos (para dividir taxi, ou quem sabe, obtermos uma carona) e eu fiquei esperando na parte externa do aeroporto vigiando as malas.

Enquanto eu aguardava lá na parte de fora, batia uma certa sensação de insegurança, estava eu ali naquele país estrangeiro sem ao menos saber a língua do local, sempre dava aquela imprensão que se eu desse qualquer chance para perceberem que eu era um gringo - ainda mais sozinho no meio do nada - na primeira oportunidade iriam tentar me roubar ou passar a perna. Então fiquei parado ali, me apoiando nas malas e fiz uma cara de poucos amigos, enquanto curiosamente observava o local: a sensação de presenciar pela primeira vez várias pessoas conversando em um idioma diferente do seu - de forma tão natural - foi uma experiência memorável. Comecei a me sentir bem por está ali presente pela primeira vez em um país estrangeiro, o sentimento de insegurança aos poucos foi dando lugar a um sentimento de excitação.

Porém, desfrutando daquele êxtase, fui subitamente interrompindo: "Buenas tarde, caballero!". O susto repentino ao ser abordado por um estranho desconhecido fez com que eu voltasse a realidade, e junto com ela a sensação de insegurança de um gringo desamparado. Desconfiadamente olhei para quem me cumprimentava, era um senhor, de meia-idade, bem vestido e que se locomovia com auxílio de uma muleta apoiada no braço direito; demonstrava-se simpático e com desejo de aproximar-se. Ainda assustado, não pronunciei nenhuma palavra já que não queria deixar transpor minha vulnerável condição de estrangeiro, apenas dei um sorriso por educação e logo em seguida fiquei sério, evidenciando que não queria conversa e que desconfiava de suas possíveis más intenções.

Mas desafortunadamente minha reação não foi suficiente para fazê-lo com que desistisse de aproximar-se, ele continuou ali e apesar de eu fazer questão de não me expressar em nenhum momento (praticamente ignorando-o) ele começou a puxar assunto. A vontade maior era de evitá-lo a qualquer custo, mas depois passei a achar a situação engraçada: eu não entendia nada do que o velho tava falando e por isso eu ficava só confirmando com a cabeça, enquanto ele continuava e se empolgava conversando ali sozinho. Nesta primeira experiência percebir que o espanhol não é tão parecido com o português como eu acreditava, é quase imcompreensível quando a pessoa fala naturalmente, ou seja, rápido. Mas mesmo assim percebi que o velho não tava querendo dinheiro ou algo parecido (graças a deus), só que isso só me deixou ainda mais confuso para entender qual seria a real intenção dele no entanto. Fui sacar só depois de um tempo: era um suposto taxista (e tudo indicava que ele já tinha conversado com o meu pai e que tava ali me alugando só para não perder o cliente)

Fiquei mais tranquilo e finalmente resolvir falar algo. Apesar dele se esforçar, muitas vezes ele não compreendia bem o que eu falava, e eu também penava para entendê-lo, mas era agradável (e muito engraçado) ficar ali tentando se comunicar. Porém resolvi interromper as tentativas de diálogo quando ele começou a fazer muita pergunta de cunho pessoal e demonstrar interesse nisso, voltei ao precavido estado de desconfiança e comecei a demonstrar desinteresse na conversa. Novamente deixei o velho, e "suposto" taxista, falando ali sozinho. Quando ele se tocou, parou de falar, mas mesmo calado não desgrudou de mim, já que não queria perder o "suposto" cliente.

Retornei ao meu estado de observação, enquanto aguardava meu pai e tentava tolerar aquele homem suspeito parado do meu lado. No movimento de entra-e-sai do aeroporto, pude constastar um costume argentino bem curioso (e não tão masculino, diga-se de passagem... uhua): "homens se beijando". Calma! Antes de ter pensamento sujo e achar que tratava-se de um mega-encontro GLS no lado de fora do aeroporto, adianto logo que eram apenas beijinhos no rosto. Algo que é bem habitual aqui no Brasil quando encontramos amigAs ou conhecidAs, na Argentina também é comum você beijar amigOs ou conhecidOs, dois argentinos barbudos que sejam íntimos costumam dá beijinhos quando se encontram... Surpreendido, caro leitor? pelo jeito a semelhança entre os hermanos e os nossos amigos gaúchos - como citada em um post passado - é bem maior do que se imagina. Além do churrasco e do chimarrão, se assemelham até mesmo na "baitolagem" uahuauhua

Enquanto eu presenciava aquela cena não muito masculina de "hermanos" se encontrando e beijinho daqui e beijinho de lá (esses argentinos... sei não, hein?), o suposto taxista - que ainda insistia ali do meu lado - pediu emprestado a revista da Tam que estava no meu carrinho de bagagem e tentou usá-la recuperar a minha atenção. Ainda mantendo o estado de desconfiança, eu não dava bola enquanto ele folheava a revista e insistia em fazer alguns comentários para puxar conversa (eu nem compreendia direito o que ele falava), mas teve um momento em que eu tive que ceder: ele abriu a revista numa página em que tinha uma mulher em trajes atraentes e emendou a pergunta num tom de sarcasmo: "Te gusta, caballero?". Nessa hora eu vi que era meio arriscado ignorar mais um comentário: o bicho tá meia hora ali me "paquerando", faz uma pergunta muito interessado e além de tudo AINDA É ARGENTINO???!!! pô, meio "cor de rosa" essa parada, hein? A real intenção do velho parecia que finalmente ter dado as caras. Antes da coisa piorar pro meu lado, melhor era deixar bem claro pra "ele" que apesar de brasileiro eu não era nem um pouquinho gaúcho, e respondi com firmeza: "claro... si, si, me gusta mucho". Em seguida o velho soltou uns comentários incompreensíveis em espanhol que me forçou a fazer uma cara de "hã?", e ele se matou de rir. Na hora, eu não sabia se eu ria também ou se ficava sério porque o velho podia tá tirando com a minha cara... mas pelo menos deu para perceber que as intenções dele não eram tão "argentinas" quanto tinha dado a imprensão naquele momento... ufa!

Fiquei mais um tempo aturando aquele suposto taxista e meu pai finalmente apareceu. Apesar da demora, ele não tinha conseguido encontrar as brasileiras. Mas aproveitara aquele tempo para fazer algumas coisas úteis, como por exemplo ir na casa de câmbio trocar os reais por pesos argentinos, já que a moeda brasileira normalmente não é aceita no país de Maradona. Quando vi meu pai pegando as malas percebir que, como previsto, ele e o velho realmente já tinha tido um papo anteriormente. Carregamos as bagagens para o porta-mala do carro daquele senhor e adentramos o veículo. O carro dele não era bem um taxi, pois não tinha nem mesmo padronização! (a padronização oficial de taxi em Buenos Aires, como pude constatar posteriormente, é as cores amarela e preta, mas parecendo um carro de polícia).

Durante o percurso aeroporto-albergue, voltei àquela sensação de insegurança devido à vulnerabilidade de está sendo conduzido por um desconhecido dentro de um país igualmente desconhecido. Aquele suposto taxista teria me alugado durante meia-hora apenas para ganhar alguns trocados usurpando a função de um taxista formal ou tinha ele a intenção de ganhar bem mais de alguma maneira desonesta??? A tensão aumentou ainda mais nas partes em que o carro saiu da auto-pista e da parte moderna de Buenos Aires e passou por umas ruas obscuras, com jeito de favela. Apesar do velho conversar o tempo todo querendo demonstrar-se simpático, por um momento aparentou tratar-se de um sequestro ou semelhante. Mas graças a Deus, tudo ocorreu bem. Chegamos no alberque com segurança, o velho era apenas um taxista pirata e um bom conhecedor dos atalhos e caminhos mais curtos de Buenos Aires. =)